Você sente que sua equipe registra tudo, mas os resultados continuam ruins? 

Na gestão da Atenção Primária, preencher fichas não basta. Sem planejamento, os dados viram apenas burocracia digital — e os indicadores continuam travados, mesmo com sistemas atualizados. 

Neste artigo, listamos 5 sinais comuns que indicam que sua equipe pode estar “marcando presença” no sistema, mas sem transformar os dados da APS em ações.  

 

1. Os indicadores não melhoram, mesmo com as fichas completas

 

Um bom exemplo é o indicador de pré-natal adequado: gestantes com 6 consultas, começando até a 12ª semana. Mesmo com fichas preenchidas, muitos municípios continuam com baixa cobertura. 

 

Por que isso acontece? 

• Consultas fora do prazo ideal; 
• Ausência de vínculo da gestante com a equipe; 
• Parte do atendimento é feito fora da UBS e não entra no sistema; 
• Falta de rastreabilidade: ninguém sabe quantas gestantes ainda não iniciaram o pré-natal no mês. 

 

O que fazer: 

• Crie um painel de gestantes com alertas de atraso; 
• Engaje o ACS para acompanhar ausências antes do sistema; 
• Nas reuniões, analise onde os registros estão “quebrando” o indicador. 

 

 2. O mesmo problema se repete todos os meses

 

Um clássico: hipertensos com pressão arterial não aferida nos últimos 6 meses. Você vê o mesmo dado nos relatórios todo mês — e ninguém age. 

O que isso mostra? Falta de reação. Os dados estão aí, mas não viram estratégia. 

 

Causas frequentes: 

• Ausência de análise segmentada (quem são os não acompanhados? onde estão?); 
• Nenhum plano de ação pós-relatório; 
• Foco apenas em relatórios, sem metas reais por equipe.

 

O que fazer: 

• Cruze os dados de hipertensos sem aferição com as microáreas do ACS; 
• Planeje mutirões segmentados; 
• Defina metas semanais de acompanhamento por equipe. 

 

3. A equipe não entende o que está sendo medido

 

Você já perguntou se o vacinador sabe como o indicador de vacinação infantil é calculado? 

Muitos profissionais não sabem que vacinas fora da idade ideal não entram no indicador. Isso afeta diretamente o desempenho — mesmo com todas as vacinas aplicadas. 

 

Outros erros frequentes: 

• Falta de vínculo territorial da criança; 
• Cartões desatualizados; 
• Mudanças de UBS que descontinuam o rastreio. 

 

Exemplo no município de Prudentópolis – PR 

 

O que fazer: 

• Crie fichas-resumo de cada indicador com critérios claros; 
• Use estudos de caso nas reuniões (criança A x criança B); 
• Oriente ACS a revisar mensalmente a situação vacinal da microárea. 

 

4. Os dados da APS são vistos apenas como relatório, não como ferramenta de decisão

 

 

Outro indicador do Previne Brasil é a hemoglobina glicada em pessoas com diabetes. Ele mede se a equipe está acompanhando adequadamente pacientes crônicos com exames de laboratório. 

Mas, em muitos municípios, esse dado só é consultado a cada seis meses — geralmente para prestação de contas. 

 

Resultado? 

• Ninguém sabe quem não fez o exame; 
• Falta controle entre solicitação, realização e registro; 
• Nenhuma ação de busca ativa é disparada. 

 

O que fazer: 

• Gere uma lista atualizada de diabéticos sem exame; 
• Organize busca ativa com metas quinzenais por UBS; 
• Integre laboratório e equipe via painel ou planilha com alertas. 

 

5. Não há rituais de gestão

 

Sem reuniões, sem metas, sem devolutivas. Esse é o retrato de muitos municípios que vivem no modo reativo. 

O problema não é falta de ferramenta. É falta de cultura de gestão. 

 

Sinais disso: 

• Reuniões esporádicas ou inexistentes; 
• Indicadores não compartilhados com a equipe da ponta; 
• Nenhum plano de ação baseado nos dados. 

 

O que fazer: 

• Institua uma reunião mensal de análise de indicadores com todas as UBS; 
• Foque em 1 ou 2 indicadores por mês, com metas claras; 
• Compartilhe painéis visuais simples, com evolução mensal. 

 

O que vem por aí: os novos indicadores da APS

O cenário vai mudar. A próxima geração de indicadores vai exigir gestão em tempo real, foco em resultado e integração entre equipes. 

Na IDS, já estamos acompanhando essas mudanças de perto: mapeando impactos, ajustando soluções e traduzindo normas em ações práticas. 

Em breve, lançaremos conteúdos e ferramentas para apoiar a transição. Deseja ser avisado(a)? Siga nossos canais e fique por dentro. 

 

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